sábado, 12 de setembro de 2009

Á minha amiga Ângela Lourenço

Graças a Deus, hoje percebi que não é somente a Roseane que está em jogo, mas, como disse um grande amigo-irmão, também da magistratura, é pelo amanhã de nossos futuros colegas que preciso e devo continuar lutando, sem mágoas agora que já desabafei, pois não poderia mais sufocar o que venho suportando há 4 anos sozinha (sou paulista, paulistana, nascida e criada no Brás, por isso meu jeito de falar dando a impressão que estou brigando).
Recebi telefonemas, torpedos, mensagens em PVT e nas outras listas de colegas do Brasil todo, solidarizando-se com a minha dor e isso me deu ânimo, força e a vontade de agradecer, pessoalmente, um a um, o bem que me fizeram, inclusive você, pois há coisas nessa vida que dinheiro nenhum consegue comprar e essa demonstração fraternal é uma delas.
Obrigada por tudo.
um beijo carinhoso da
Zane

AMIGOS, SERÁ?

Posso estar passando a idéia de uma pessoa amarga, de “mal com a vida”, devido a meus textos, em sua maioria, que chamo de artigos, humildemente, por falar sobre problemas ou fases ruins que enfrentamos, algumas vezes, nesse caso, na minha vida e que outros, assim como eu, também já os vivenciaram, em algum período de sua existência terrena. Entretanto, ao contrário do que possa parecer, quero alertá-los, ser uma espécie de “sininho que se ouvirem badalar”, lembrarão das palavras aqui redigidas. Não cuido de fantasias, sonhos ou ilusões, mas da realidade que não é colorida ou doce como o mel, pelo contrário, seu gosto é de fel!...

Bem faz aquele que, por temperamento é desligado da vida, desinteressado em aprofundar-se nas questões que, tanto faz se para ele ou ela, sempre vai estar tudo bem. Enfim, quem, ao contrário de mim, se desapega dos porquês ou, então, os anos passam e tudo continua igual porque não quer mudar, com certeza, essa pessoa não sofrerá, sequer chegará a notar que amigos, se ela os teve, não chegaram a um ou dois, no máximo, quando acreditou ou, ainda acredita que tem u milhão de amigos, como diria a música de Roberto Carlos!

E assim aconteceu comigo. Por quase 50 anos, acreditei na amizade desinteressada, verdadeira, fraterna, me doando, sendo a “mão estendida” a qualquer hora que precisassem, a “carteira” que todos tinham acesso, o “poder” para todos usarem quando necessitassem, exceto eu mesma que nunca o usei, talvez por formação, educação que meu falecido pai me deu, ou seja, jamais usar o poder para si mesmo ou benefício próprio. Não posso deixar de mencionar que, também fui a casa onde todos se refugiaram porque eram sabedores que teriam amparo de toda a ordem, sem contar as festas, reuniões alegres, aniversários etc. sempre pagos por mim. Resumindo, enquanto tudo isso era custeado por mim foi uma maravilha para todos os supostos amigos e, até pra mim mesma e foi assim que me enganei até bem pouco tempo atrás, acreditando ser amada, querida por muitos, a amiga, quando, na realidade não passei de mais uma que como tantos por aí se iludem pensando ter amigos e são a esses “amigos” que aqui dedico esse desabafo escrito, também, como disse, anteriormente, alguém possa lembrar ao ler, sabendo que não só o leitor foi ou já se sentiu ludibriado, mas, eu, muito mais do que vocês, vi meu mundo desabar ao descobrir que aqueles a quem chamava de amigos não passavam de abutres, vampiros de energias ou o nome que queiram dar a pessoas interesseiras, visando, tão-somente o seu próprio bem-estar ou benefício pessoal, seja financeiro, social ou a finalidade que tenha sido, porém, sempre o foi para benefício próprio como já mencionei, anteriormente.

Muitos, ao ler, vão se perguntar o porquê dessas linhas, repito, tão amargas e eu respondo agora: tive tudo isso, poder, dinheiro, fama, alegria, disposição, generosidade, complacência, porém, certo dia as perdi por fatores alheios à minha vontade e, quando olhei ao meu redor o que vi foi a solidão, a frustração, a decepção, face à constatação de que aqueles “amigos” sumiram, alguns, ainda, deixando a marca que ainda dói da ingratidão e, outros não satisfeitos por me “virarem as costas” o fizeram com uma pitadinha de humilhação, escárnio e, sem exagero algum, até à execração pública fui levada...

Por lutar para reaver meu cargo que me foi “arrancado” por uma aposentadoria forçada, porque ousei cumprir meu dever, colocando poderosos na cadeia, denunciando-os, tanto os assediadores quer morais quer sexuais como corruptos. Entretanto, esses mesmos continuam a praticar o mal, cometendo seus crimes, enquanto eu fui jogada para fora como um brinquedo em que se usa, começa a dar defeitos, então, está na hora de se livrar dele. E, assim, fizeram comigo...

Quem acredita que a fase do “coronelismo” acabou, ledo engano – ela está mais viva do que nunca, só que hoje, é sutil, rastejando como uma cobra que se disfarça em folhagens na mata para dar o seu bote no primeiro que pisar ou passar pelo seu caminho...

Muito se fala em democracia, liberdade de expressão, mas, são apenas palavras bonitas de serem ditas, usadas para impressionar, quando na prática, tudo continua como antes, a ditadura, o poderio econômico e a chibata para aqueles que divergem ou criam ideais novos, diferentes do pensamento do Poder dominante.

Para não me tornar cansativa, resumo aqui dois pontos, o primeiro, a perda da função que deixou de beneficiar, ajudar, consagrar os “amigos” e o segundo, o bloqueio dos meus salários, onde vi surgirem dívidas e a conseqüente falta de dinheiro. E, por óbvio, foi essa a hora em que tive a certeza de que amigos só os têm quando podemos servi-los, de alguma forma, para alguma coisa (sempre pra eles, é claro!), mas, é, exatamente nesse momento em que todos desaparecem, sequer telefonam com receio de você pedir algo ou alguma coisa e outros, mais desolador ainda, fingirão que não o conhecem, que nunca o viram, que jamais usufruíram de sua convivência.

Você vai precisar ser muito forte para suportar a verdade de que foi usada e abusada, enquanto servia para cada um deles de alguma forma como foi explanado aqui e assumir pra si mesma que serviu de passatempo para dar o que eles queriam sem causar problemas ou aborrecimentos, pois, somente assim, conseguirá, soterrar esses amigos, esquecê-los, ter a noção de que jamais os teve, exterminando-os de sua memória como um livro que terminou de ler, ficando a lembrança de seus personagens, porém, é hora de fechá-lo, guardando em uma estante qualquer e fim!

Entretanto, o final dessa conscientização, por mais dolorosa que possa ter sido, vai experimentar a constatação que foi muito bom que tenha “acordado” de um sono profundo, onde amadureceu e, principalmente, começou a lidar com a vida e seus problemas contando consigo mesmo, sem esperar um “amigo” para ajudá-lo, fazendo de sua solidão a sua melhor companheira e do silêncio da casa a sua reflexão e as respostas para tudo o que naquele exato momento precisava ouvi-las, sabendo que é o caminho certo a seguir, a trajetória reta, a decisão certa a tomar...Sentirá e terá a certeza de que seu único e melhor amigo é VOCÊ MESMO e esse jamais o trairá. Seus erros e acertos serão, unicamente seus e a glória que virá será SUA e de mais ninguém!!!

Trate bem seu amigo, trate bem e cuide de você a cada dia mais e melhor!

Em São Paulo, Guarujá, 12 de junho de 2009.

Roseane Pinheiro de Castro