domingo, 14 de março de 2010

Revista divulgou cartas trocadas pelo casal Nardoni

 A edição da revista IstoÉ traz publicada cartas trocadas entre o casal Nardoni nas penitenciárias feminina e masculina de Tremembé (SP). Os textos costumam ter palavras carinhosas e de esperança. No dia 22, Alexandre Alves Nardoni e Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá Nardoni enfrentam julgamento no II Tribunal do Júri de São Paulo pela acusação de matar a menina Isabella Nardoni, 5 anos, no final da noite de 29 de março de 2008.
"Eu não vejo a hora de te beijar, de sentir teu cheiro, de te fazer carinho, de dormir ao seu lado", diz Alexandre à mulher. As cartas de Anna Carolina costumam trazer palavras de carinho, como "te amo", "amor da minha vida" e "saudades". A mulher ainda comenta a vida diária na penitenciária e o medo que sente das outras presas. "Não suporto sair ao pátio, fica (sic) todas me olhando porque eu só saio da cela para trabalhar (...) não gosto! Prefiro ficar na cela", diz. Alexandre discute nas correspondências questões do cotidiano, como a a escola do filho do casal. "Precisamos resolver logo em relação à escola do Titi. Ele já vai fazer 4 aninhos", afirma. "Você vai ver, quando sairmos deste pesadelo, que estou bem diferente", diz Anna Carolina, em uma das cartas, comentando suas mudanças na aparência.
A íntegra das cartas trocadas pelo casal na prisão pode ser conferida na revista IstoÉ desta semana.
Redação Terra

Juiz dos EUA proíbe brasileiro de retornar - Alegação é que ''Brasil não é um país sério'' para manter prisão

José Maria Mayrink
O juiz Michel Viliani, da Corte de Las Vegas, nos Estados Unidos, rejeitou anteontem pedido dos advogados do brasileiro João Idelfonso, de 29 anos, condenado sob acusação de prática de crimes sexuais, para que ele possa cumprir a pena no Brasil. O apelo é para que sejam atendidas normas da Convenção Interamericana sobre Cumprimento de Sentenças Penais no Exterior, firmada com a adesão dos EUA, em 1993, em Manágua.
Segundo o advogado brasileiro Gerson Mendonça Neto, que atua na defesa de Idelfonso com seu colega americano John Momot, o juiz alegou que o Brasil não é um país sério e, sendo assim, não manterá o condenado na cadeia. Idelfonso está preso há um ano e meio na cidade de Love Lock, em Nevada.
"O brasileiro está cumprindo pena de 2 a 8 anos. Isso mesmo, pois em Nevada as penas não são estipuladas por prazo determinado, podendo o condenado cumprir o mínimo ou o máximo da sentença, a critério de um comitê", disse Mendonça. Em três meses, o comitê decidirá o tempo de prisão. Ele espera que seja estabelecida a pena mínima, o que permitirá que o brasileiro seja, em seguida, deportado. "Mas quem garante que o comitê vai usar de bom senso, das regras da boa política prisional, ou discriminar, novamente, um brasileiro?"
Abandonado pela mulher americana meses após a prisão, Idelfonso vivia legalmente em Las Vegas. "No processo de Idelfonso, foram juntadas quase uma centena de cartas ou declarações de várias pessoas, como diretor de escola, ex-vizinhos, amigos, padres, autoridades, empresários, todos atestando a boa conduta desse jovem brasileiro", disse Mendonça. "Idelfonso trabalha na limpeza do presídio, mas, agora, se vê impedido de cursar faculdade, como fazem os outros presos, pelo fato de ser estrangeiro."
O advogado defende para Idelfonso tratamento similar ao que foi dado pelo Brasil aos pilotos do Legacy, avião que se chocou em setembro de 2006 com um Boeing da Gol, provocando a morte de 154 pessoas, em Mato Grosso. Eles aguardam pelo julgamento nos Estados Unidos.
Segundo a defesa, Idelfonso foi alvo de represália de mafiosos de Las Vegas e se viu acusado de crimes sexuais que teriam sido cometidos quando ele não estava na cidade. Para outros crimes, não se informa a data em que teriam sido cometidos nem se apresenta prova. O brasileiro, segundo Mendonça, "esteve à mercê de ser condenado a 25 anos de prisão ou até a prisão perpétua".
Aconselhado pelo advogado americano, o réu assumiu dois dos 25 crimes de que foi acusado, fazendo um acordo com a promotoria para não correr o risco de ser condenado a uma pena maior. "Essa espécie de acordo é comum nos Estados Unidos, principalmente no caso desse tipo de crime, quando os jurados americanos comparecem com tendência de condenação", explicou Mendonça.
O advogado disse que, por enquanto, o Consulado brasileiro de Los Angeles nada fez e "até se recusou a enviar uma carta ao juiz da causa informando que o cônsul estava acompanhando com interesse o caso". Segundo Mendonça, o Ministério da Justiça do Brasil informou ao governo americano que seria possível a tramitação de um pedido de transferência de pessoa condenada.
Gerson Mendonça Neto
Advogado
"Idelfonso trabalha na limpeza do presídio, mas, agora, se vê impedido de cursar uma faculdade, como fazem os outros presos, pelo fato de ser estrangeiro"
Fonte: www.estadao.com.br