domingo, 15 de novembro de 2009

USA VERSUS IGREJA UNIVERSAL

Promotores americanos também investigam as denúncias de que o bispo Edir Macedo teria desviado dinheiro de fiéis

WÁLTER NUNES

INVESTIGADO
O bispo Edir Macedo, fundador da Universal, declara morar nos Estados Unidos. A promotoria americana pode chamá-lo a depor

Logo que ele foi denunciado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, ao lado de mais nove integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus, como responsável por um esquema de desvio de dinheiro de fiéis para enriquecimento pessoal e compra de empresas, o bispo Edir Macedo disse ser vítima de perseguição. Se quiser manter a mesma linha de defesa, terá de alegar agora que é vítima de um complô internacional. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou na semana passada que investigará o bispo Macedo e os nove acusados por suspeita de estelionato, desvio de recursos e lavagem de dinheiro em território americano. O motivo, segundo as denúncias, é que eles teriam usado, para lavar o dinheiro dos fiéis, pelo menos 15 contas abertas em bancos nos Estados Unidos, nas cidades de Miami, Nova York e Farmville.

A investigação será comandada por promotores de Nova York, chefiados por Adam Kaufmann, um nome conhecido na apuração de delitos cometidos por brasileiros em território americano. Foi Kaufmann quem investigou o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) por desvio de dinheiro público e lavagem de dinheiro. A Justiça americana decretou a prisão de Maluf, e hoje ele é considerado fugitivo no país. No caso da Universal, o primeiro passo dos promotores será quebrar o sigilo das contas bancárias ligadas à Universal. Serão analisadas as movimentações financeiras de cinco empresas, entre elas a Rede Record de Televisão, que tem escritório também em Nova York. O bispo Macedo, que declara legalmente morar nos Estados Unidos, pode ser convocado a depor.

A participação americana é um pedido dos promotores paulistas, com base no acordo de cooperação internacional entre os dois países. Documentos enviados aos americanos descrevem a engenharia financeira que permitia o desvio ilegal do dinheiro. Segundo a legislação, o dinheiro doado às igrejas por fiéis só pode ser usado na manutenção de suas atividades ou em obras sociais. As denúncias revelam, porém, que as doações feitas de boa-fé tiveram destino diferente.

Os investigadores vão quebrar o sigilo das contas
de empresas e pessoas ligadas à Universal

Segundo a investigação, os bispos e os pastores arrecadavam doações, a maior parte em dinheiro vivo. Dados da Receita Federal anexados ao processo somam pelo menos R$ 1,4 bilhão por ano, doados pelos fiéis da Universal. Parte desse dinheiro era, de acordo com as denúncias, destinada a empresas de fachada ligadas à Universal no Brasil e depois enviada a duas empresas ligadas ao grupo, sediadas em paraísos fiscais: Cableinvest e Investholding. Ambas movimentaram valores em contas de bancos nos Estados Unidos. A lavagem se completava, dizem as investigações, quando as duas empresas traziam o dinheiro de volta ao Brasil na forma de empréstimos de fachada, para que integrantes da Universal comprassem bens particulares ou investissem em empresas, como redes de rádio ou TV.

CURRÍCULO
O promotor nova-iorquino Adam Kaufmann. Ele já investigou o ex-governador paulista Paulo Maluf por desvio de verbas e lavagem de dinheiro. Maluf foi condenado à prisão nos EUA

A investigação ganhou consistência com a descoberta de que uma casa de câmbio e corretora paulista, a Diskline, suspeita de participar de um esquema de remessas ilegais ao exterior, tinha entre seus clientes a Igreja Universal. A Diskline abastecia contas de brasileiros lá fora por meio de um sistema que escapava da fiscalização do Banco Central, conhecido como dólar-cabo. Os promotores paulistas e os investigadores federais analisam agora documentos relativos a essas transferências para reunir novas provas da lavagem de dinheiro pelos bispos da Universal.

Os documentos apreendidos na Diskline, produto de investigações da PF e da CPI do Banestado, ficaram quatro anos na Assessoria de Análise e Pesquisa da Procuradoria-Geral da República, em Brasília. Na sede da empresa, foi apreendida uma tabela que descreve 24 remessas feitas entre agosto de 1995 e fevereiro de 1996, no total de R$ 7,5 milhões (ou R$ 17,9 milhões, em valores atualizados). Segundo os registros, duas pessoas eram as responsáveis por levar o dinheiro da Universal para os doleiros. Elas eram identificadas pelos codinomes Ildinha/Fé e Fifo.

De acordo com uma das testemunhas do Ministério Público ouvida por ÉPOCA, o nome verdadeiro de Ildinha é Izilda Santa Fé. Ela é mulher de um ex- -pastor da Universal. Izilda, segundo a testemunha, era quem levava o dinheiro dos fiéis às empresas do grupo e aos doleiros. “Ela era pessoa de confiança da Alba”, diz a testemunha. “A Alba decidia para onde ia o dinheiro, e a Izilda carregava a mala.” Alba Maria Silva Costa está entre os dez denunciados pelo MP de São Paulo por supostos crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Ela estaria à frente da área financeira do grupo. Os investigadores procuram agora a outra encarregada de transportar o dinheiro dos fiéis, uma ex-pastora da Universal que mora no Rio de Janeiro e hoje comanda outra igreja evangélica. Segundo testemunhas, ela também era encarregada de levar o dinheiro a doleiros e empresas ligadas ao grupo. ÉPOCA procurou os advogados da Universal para ouvi-los a respeito das denúncias, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

Revista Época 14-11-09

3 comentários:

  1. Até quando esse senhor vai continuar dunfando "igrejas" (minúsculo mesmo) com a finalidade de enganar pessoas, tirar-lhe dinheiro, muitos, o único sustento, seus bens materiais que, na maioria das vezes são poucos e nenhuma autoridade brasileira fazer algo para impedir isso? Como aconteceu com aquele casal da Renascer que precisou os EUA, novamente, tomar a iniciativa, caso contrário, do jeito que estavam enriquecendo já teriam comprado parte do Brasil, obvio, dividindo com esse outro "pastor" que, mais uma vez será outro País a investigá-lo, até porque nosso presidente do STF, há poucos dias esteve na TV REcord, do qual o bispo é o dono para visitá-la...pode uma coisa dessas?
    E, ainda dizem alguns que o Brasil é sério!!!!

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  2. onde está escrito dunfando, leia-se fundando, mas poderia ser qualquer palavra mesmo porque isso é uma piada, mas, uma piada cara porque os seguidores ficam, totalmente pobres e seus psudo-bispos e pastores cada dia mais ricos.....

    Zane (Roseane)
    15-11-09

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  3. Isto faz com que as pessoas fiquem alienadas,e elas são vitimas de um susposto Pastor, q a cada dia enriquece mais a custa de pessoas inocentes ..como as pessoas mudam a bblia para seu proprio proveito.isto nos entristece,temos q ver em q solo estamos pisando, q tipo de bispo é o nosso? nosso Pastor e bispo maior Jesus nunca possuiu riquezas e estes senhores querem ter argumentos para continuarem na vida fácil.

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