domingo, 31 de janeiro de 2010

Polícia dispersa marcha de estudantes na Venezuela; Chávez ameaça radicalização

da Folha Online
A polícia venezuelana usou gás lacrimogêneo para dispersar estudantes que protestavam contra a deficiência crônica de energia e o fechamento de emissoras de TV a cabo, enquanto o presidente Hugo Chávez enfrenta reclamações cada vez maiores sobre a deterioração dos serviços públicos.
Um grupo de vários manifestantes da oposição marchava em direção à sede da agência de eletricidade estatal quando a polícia entrou em ação. A mídia local divulgou que dois estudantes e um policial ficaram feridos.
Alguns dos manifestantes atiraram pedras contra a polícia de choque, quando os policiais se aproximaram para acabar com a manifestação em frente aos escritórios da companhia estatal de eletricidade.
Enquanto acusam o governo te tentar abafar as críticas, os estudantes também usaram a manifestação para chamar a atenção para a escassez de eletricidade que assola grande parte da Venezuela e outros problemas internos, como a inflação de dois dígitos, a maior do continente na semana passada.
Os estudantes universitários vão às ruas diariamente desde domingo, depois que a pressão do governo levou os serviços de TV a cabo a RCTVI, que tem sido uma crítica constantes das políticas socialistas de Chávez e cujo sinal aberto já fora cassado há dois anos. Outras emissoras também tiveram a transmissão cortada, por não aceitarem passar material oficial, como discursos de Chávez --o que é obrigatório para as redes classificadas como de "conteúdo nacional", status que a RCTVI diz não possuir.
"Nós não vamos permitir paralisações continuada de meios de comunicação que dizem a verdade, e nós não vamos permitir que inépcia e a ineficiência continuem", disse Nizar El Sakih, um dos líderes estudantis.
As autoridades estão preparando um novo plano de racionamento de energia para a capital, Caracas, depois que Chávez abandonou um esforço anterior que deixou a cidade em caos e enfureceu seus simpatizantes.
Os estudantes querem especialistas universitários para ajudar a desenvolver os planos de racionamento e que o governo, que controla a energia, aumente os investimentos no setor.
Chávez nacionalizou o setor de energia em 2007. Analistas dizem que os problemas foram provocados por falta de planejamento e por investimento insuficiente do governo e de empresas privadas.
Em comentários na televisão nesta quinta-feira, Chávez disse que a oposição está tentando criar tumultos similares aos que levaram ao golpe frustrado que o derrubou brevemente do poder em 2002.
"Há grupos que estão chamando militares ativos, incitando-os. Eu recomendo que vocês não façam isso porque, diante do país, eu juro que a minha resposta seria profunda", disse Chávez numa cerimônia transmitida em rede de televisão e rádio obrigatória. "Eu advirto, não se enganem, a resposta que eu comandaria seria radical."
"Eles estão procurando por mortos para derrubar o governo [mas] não vão conseguir. Eles estão buscando violência, buscando que um soldado perca o controle", disse o presidente, convidando "o país sério e decente" a condenar tais atos.
Chávez referia-se à morte de dois jovens na segunda-feira em protestos em Mérida, no oeste da Venezuela, pelo menos um deles participante de manifestações em favor do governo, que também foram convocadas nesta semana.
"Não nos deixemos arrastar de novo por estes grupos fascistas, que não são apenas os que estão nas ruas", disse o presidente, afirmando que por trás deles está "a direita, o fascismo que os manipula como marionetes".
Com Reuters, Associated Press, Efe e France Presse

Nenhum comentário:

Postar um comentário